segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Viver sabiamente!


Movimento "slow living" prega uma vida com

 mais calma e menos pressa

  
Mulheres contam como colocam em prática 
e por que são mais felizes assim

Estamos vivendo os tempos da ditadura da FELICIDADE, em letras maiúsculas. Ser feliz virou uma obrigação e, teoricamente, estaria ao alcance de todos. Basta querer muito, fazer muito, se preocupar muito, se inquietar muito, correr muito, comprar muito. Na contramão dessa cultura, há quem busque um estilo de viver de maneira mais calma, com consciência e cuidado, um jeito de morar de forma sustentável, com respeito aos tempos internos, atenção na hora de consumir, leveza nos relacionamentos e responsabilidade ao usar os recursos naturais do planeta.
É o chamado Slow Living, um movimento desencadeado na carona do movimento Slow Food —resposta ao jeito desatento de engolir fast-food. A prática do Slow Living procura não só o caminho de tranquilidade, o tempo de descanso, tempo para o trabalho e para a família, mas também como ter tempo para nós mesmos. É para quem acredita em um estilo de viver mais humano, priorizando a qualidade dos momentos. Vale salientar, portanto, que essa forma de vida significa também estar pronto e produtivo quando necessário. Planejamento, organização e atitude ajudam bastante na materialização desta proposta. Nessa reportagem, quatro mulheres de diferentes profissões contam como colocam em prática a teoria do Slow Living e por que são mais felizes com esse estilo de vida.

Filosofia intimista da grande artista
O wabi-sabi, conceito japonês da arte para a beleza das coisas modestas e humildes, das coisas não-convencionais, que valoriza o intimista, o irregular, o simples e o despretensioso, tem sido aplicado pela artista plástica Heloísa Crocco em sua vida. Viver de forma modesta, aprender a sentir-se satisfeita com aquilo que tem depois de eliminado o supérfluo é a filosofia wabi-sabi, inspirada nos ensinamentos do Taoismo e do Budismo.

O que ajuda na leveza

- Olhar menos para o próprio umbigo e pensar mais nos outros
- Mais cordialidade e menos impaciência
- Não abrir mão da civilidade, da compaixão e da elegância de viver
- Eliminar o excesso de bagagens materiais
- Não utilizar o estresse como desculpa para deixar de lado a gentileza
- Cultivar amigos
- Diminuir o peso da existência para as pessoas que o cercam
- Rir de si mesmo
- Dar à dor apenas a dimensão que ela merece
- Valorizar o silêncio
- Doar tempo e atenção

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A felicidade não pode ser encontrada
Através do grande esforço e força de vontade,
Mas já está presente no relaxamento aberto e no deixar ir.

Não se esforce,
Nada há a fazer ou não fazer.
Qualquer coisa que surja momentaneamente no corpo-mente
Não tem qualquer importância real,
Tem pouca realidade.
Por que se identificar e se apegar a isso,
Passando um julgamento sobre ela e sobre nós mesmos?

Muito melhor é simplesmente
Deixar todo o jogo acontecer por si mesmo,
Levantando-se e caindo de volta como ondas —
Sem mudar ou manipular qualquer coisa —
E perceber como tudo desaparece e reaparece,
Magicamente, de novo e de novo,
Num tempo sem fim.

Apenas nossa busca pela felicidade
Nos impede de vê-la.
É como um vívido arco-íris que você segue sem nem mesmo pegar,
Ou como um cachorro correndo atrás do seu próprio rabo.
Apesar de a paz e a felicidade não existirem
Como uma coisa ou lugar reais,
Elas estão sempre disponíveis
E o acompanham a cada instante.

Não acredite na realidade
Das experiência boas e ruins;
Elas são como o tempo efêmero de hoje,
Como arco-íris no céu.

Querendo agarrar o inagarrável,
Você fica exausto em vão.
Assim que você abrir e relaxar este punho fechado do apego,
O espaço infinito está lá — aberto, convidativo e confortável.

Faça uso desta espaçosidade, desta liberdade e bem-estar natural.
Não procure mais qualquer coisa.
Não vá para a floresta confusa
Procurar pelo grande elefante desperto
Que já está descansando quietamente em casa,
Na frente de sua própria lareira.

Nada a fazer ou não fazer,
Nada a forçar,
Nada a querer
E nada a perder —
Emaho! Maravilhoso!
Tudo acontece por si mesmo.
(Lama Gendun Rinpoche. Free and Easy: A Spontaneous Vajra Song. In: Nyoshul Khen Rinpoche.Natural great perfection: Dzogchen Teachings and Vajra songs. Ithaca: Snow Lion, 1995. Pág. 93-101.)